16 setembro 2009

Sarney e a democracia


Mesmo quando quer posar de democrata, o senhor feudal do Maranhão mostra exatamente o que é. Num discurso, que o Nassif achou belo, Sarney discorre em (suposta) defesa da democracia, através da defesa do parlamento (vs. mídia). Mas de qual democracia ele está falando?

Logo no começo temos uma pista: Sarney cita o intelectual republicano Francis Fukuyma, aquele do Project For The New American Century. Então esta é a democracia que agrada ao dono do Maranhão, a mesma que é do agrado dos imperialistas do PNAC. Ah, bom, isso é compreensível.

Em certo ponto, Sarney polemiza dizendo que:

a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós.

Vamos fingir que não sabemos que Sarney é dono dos principais veículos de comunicações do Maranhão, inclusive jornais, rádios e TVs e que não sabemos que é assim que ele constituiu seu poder feudal. E Sarney não é o único no parlamento a se beneficiar da posse de meios de comunicação: a dicotomia parlamento x mídia é falsa.

Logo no começo, Sarney (que é sempre bom recordar: é dos senadores brasileiros que mais atacam Hugo Chavez ) argumenta que "a democracia, quando é adjetivada já passa a não ser democracia", referindo-se à ditadura do proletariado. Defende a existência de uma democracia "pura", esquecendo-se que logo no início de seu discurso ele também adjetivou a sua democracia de preferência, aquela que não ameaça o seu poder feudal: a democracia liberal.

É interessante lembrar o que escreveu Lênin, em sua polêmica com Kautsky, sobre a questão da democracia "pura" e da ditadura do proletariado:

"É natural para um liberal falar de 'democracia' em geral. Um marxista nunca se esquecerá de colocar a questão: 'para que classe?' Toda a gente sabe, por exemplo - e o 'historiador' Kautsky também o sabe -, que as insurreições e mesmo as fortes agitações dos escravos na antiguidade revelavam imediatamente a essência do Estado antigo como ditadura dos escravistas. Essa ditadura suprimia a democracia entre os escravistas, para eles? Toda a gente sabe que não."

Ou seja, quando o Sarney fala em democracia liberal, qual a resposta à pergunta "para quem?" A democracia liberal é uma democracia burguêsa (ou uma ditadura da burguesia), ou nem isso, já que a oligarquia agrária, como a senadora escravista - e presidente da CNA - Kátia Abreu (DEM - TO), também é convidada a locupletar-se nela. Nesta democracia de uma minoria poderosa, a maioria do povo é excluída tanto do processo decisório quanto do usufruto dos bens produzidos pela sociedade, demonstrando as insuficiências no campo político e social. Nesta democracia, o parlamento não representa o povo, tem perfil muito distinto deste e dedica-se à politicagem mais rasteira, quando não à negociata pura e simples. Nesta democracia (ou ditadura da burguesia) o poder da classe dominante é mantido graças à violência praticada pelo Estado contra a classe oprimida, em favor da classe opressora.

Não devemos tratar a democracia liberal como um dógma, negando a existência de outras alternativas, como diz Sarney, citando o "fim da história". Devemos procurar construir uma democracia que seja realmente um "poder do povo" e isto só é possível através de transformações profundas de nossas instituições que, mais do que protegidas, devem ser debatidas e reformadas, para dar um caráter popular ao nosso Estado de raízes aristocráticas.

À questão apresentada por Sarney, sobre qual instituição realmente representa o povo - se mídia ou parlamento - devemos responder: nenhuma. O ideal seria construirmos uma democracia em que fosse possível responder: ambas.

PS: Eu nunca vou aceitar este vocabulário liberal que trata por "democracia" um sistema em que há fome, miséria, mortes por doenças facilmente curáveis e analfabetismo, mas trata por ditadura outro que alimenta, educa, cuida e ampara. É sempre necessário perguntar, como ensina Lênin: "para quem?"


12 setembro 2009

Bruno Aleixo no "Fala que eu te Escuto"



Não entendeu? Sobre os times:



Sobre a plástica:

02 setembro 2009