E o “mensalão? Por que não foi capaz de matar a candidatura Lula? Que “blindagem” é essa?
Sem entrar na discussão da histeria da mídia e de “formadores de opinião” frustrados por se perceberem inteiramente incapazes de formar qualquer opinião, a gravidade do que foi suscitado pelas denúncias nunca foi ignorada ou menosprezada pelo eleitorado. O que a maioria fez, apenas, foi uma ponderação de acertos e erros, chegando à conclusão que os primeiros foram maiores que os segundos, especialmente porque sabia, por experiência ou intuição, que os pecados do”mensalão” são a regra e não a exceção.
Mas essas considerações objetivas não foram tudo nesta eleição que terminou. A seu lado, ainda que de maneira nem sempre consciente, esteve presente outra causa, que me parece decisiva.
Mandar Lula de volta para casa, não lhe conceder a “outra” metade do mandato, seria um golpe grande demais para seus eleitores. Fazê-lo seria como que admitir que não existe alternância possível no Brasil - não a mera alternância política, mas a alternância de classe a que nos referimos. Às vezes até fazendo com que, deliberadamente, muitos eleitores preferissem não saber de coisas contra ele, a idéia de alternância esteve presente e foi fundamental na eleição e na reeleição de Lula.
A derrota de Lula seria o abortamento da alternância, a admissão que não há saída fora da elite. Era concordar com a idéia de que um presidente vindo do povo não consegue mesmo ser um bom presidente e que nem sequer o direito de completar seu trabalho lhe deve ser estendido. Com ele, perderiam muitos outros Lulas.
Ainda bem que ganhou.
31 outubro 2006
Por que Lula foi reeleito
Trecho do artigo Marcos Coimbra, presidente do instituto Vox Popluli, publicado no Blog do Noblat:
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