Abismo social divide opiniões sobre a crise
Caio Junqueira e Cristiane Agostine
25/07/2007
Pelo céu e pela terra, eles estão conectados a Congonhas. Uns, com maior poder aquisitivo, utilizam-no para comparecer aos seus compromissos de trabalho ou para fazer turismo no país ou no exterior. Outros, que nunca o utilizaram, moram na favela Águas Espraiadas, a mais próxima ao mais movimentado aeroporto brasileiro. A dez minutos de caminhada da cabeceira da pista, vivem em condições precárias cerca de 500 famílias que se ligam ao aeroporto, seja pelo vínculo profissional ou pelo cedo despertar que os aviões provoca.
Em tempos de busca de culpados, a intimidade e a diversidade que essas pessoas têm com o cenário do mais trágico acidente da aviação nacional os credencia a opinar sobre as causas de uma crise aérea que chega aos dez meses sem prazo para solucionar-se. No abismo social que as diferencia, uma única passagem de avião custa mais do que o mês inteiro de trabalho dos vizinhos de Congonhas. Esse abismo também está retratado nas opiniões sobre os culpados pela crise aérea.
Dentro do saguão do aeroporto, os passageiros que aguardavam seus vôos atrasados apontam um amplo rol de culpados, encabeçados pelo governo federal, na sua mais representativa figura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, ele divide o espaço com o apetite financeiro das companhias aéreas, com o comando, ou não-comando aéreo nacional e com a sociedade em geral, tida como apática, passiva e tranqüila demais quanto ao que a afeta.
Na favela, ao contrário, a crise não colou no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para os moradores ouvidos -a maioria de eleitores petistas - o principal responsável é a Infraero, principalmente por ter liberado a pista para pouso antes do completo término da reforma. Medida tomada, segundo eles, após grande pressão das companhias aéreas. O governador paulista, José Serra (PSDB), e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), são tidos como "oportunistas" por usar o local da tragédia para fazer críticas ao governo federal.
Moradora da comunidade, Arlene Alves Santos, de 26 anos, acredita que a culpa está na pressão das empresas. "Foi antes de colocarem os anti-derrapantes", explica, de uma forma simples. Os relatos de seu marido, que trabalha na infra-estrutura do aeroporto, e sua própria experiência de já ter prestado serviços de limpeza por quatro anos a uma companhia, ajudam-na a argumentar que o lobby dos empresários do setor aprofundou a crise aérea. "Agora ainda vem a Infraero dizendo que vai aumentar a passagem. Mas há quanto tempo esse problema está acontecendo? Não adianta. É para pagar os prejuízos dos aeroportos ."
Vizinha de Arlene e uma das líderes da favela, Marluce Alves Bezerra diz que começou a acompanhar a crise nos aeroportos neste ano, desde que viu pessoas dormindo nos aeroportos e também chegou à conclusão parecida de sua colega. "O problema é que foram encostando aviões e não aumentaram a pista. Os empresários, os donos das empresas aéreas sabem o que acontece", afirma. "As parcerias entre governo e empresários deveriam aumentar. Se os empresários se preocupassem mais, isso não teria acontecido. "
Olhando para os painéis dentro do aeroporto, o economista João Camargo, 59 anos, compartilha da mesma opinião, embora seja eleitor do PSDB: a culpa maior é das companhias. "Vejo uma indústria que tem um acréscimo total de receita de 20% e lucro líquido de 25% nos últimos três anos. E ainda conseguem criar esses embaraços. Falta de dinheiro não é. É incompetência mesmo. Temos duas empresas que dominam o mercado e tem força, não se deram conta que estão matando a própria indústria que lideram", afirma ele, que tenta desde segunda-feira retornar a Goiânia. Estende, porém, sua avaliação crítica para o governo federal, que, afirma, não prioriza a classe média, é refém dos grandes grupos econômicos e só trabalha para a classe marginalizada.
Na favela, a filha de Marluce, a jovem Marília Alves Bezerra, de 19 anos, segue o economista no ataque ao governo. Ao contrário dos seus companheiros de bairro, ficou indignada com a ausência dele e lembra que até o mesmo o presidente argentino mostrou solidariedade antes do brasileiro. A jovem ressalta, entretanto, que as palavras de Lula não teriam importância, "porque ninguém acredita mais nele". Desiludida com os políticos, diz que seus próximos votos seguirão o mesmo destino de seu primeiro voto: serão anulados.
Marília não é a única a mostrar descontentamento com os políticos. Alguns, insistem em preservar os seus eleitos, como é o caso do aposentado Izael José da Silva Ribeiro, de 60 anos. Ele ataca o desempenho da Infraero e da Aeronáutica na crise, mas não faz nenhuma vinculação ao governo federal, tampouco ao presidente da República. Ex-funcionário de empresas aéreas, Izael também reforça a tese de que os empresários do setor aéreo têm culpa na crise e credita a eles parte do débito.
"O presidente tem que ajudar os aeroportos, dar mais recursos, desativar Congonhas e transformar o aeroporto em um shopping. Mas não é da responsabilidade dele esse problema todo. É responsabilidade dos donos de avião, da TAM, da Gol", diz. Eleitor de Lula e da ministra Marta Suplicy, ex--prefeita de São Paulo, o aposentado declara que votará nos dois políticos "quantas vezes eles forem candidatos". "Eles fizeram muito pela gente, os pobres". O apoio a ex-prefeita, inclusive, é à prova de qualquer declaração, como "relaxa e goza", dita pela ministra no meio da crise aérea: "Acho que ela não fez por mal. Às vezes a gente fala coisa que não pode."
Esse afago no presidente da República é contrastado por um jovem casal de Uberlândia, interior de Minas Gerais. Voltando de uma viagem pela França, Holanda, Inglaterra, Bélgica e Itália, eles atacam Lula. Entre as queixas, a vergonha que passaram na viagem pela crise aérea.
"A visão do Brasil no exterior é muito ruim. A gente é muito mal tratado por causa disso. Depois do acidente, mexicanos vieram falar: 'Olha seu país aí'. Até mexicano! Sem falar que todos os guias turísticos na França ficam tirando sarro do Lula, dizendo que nosso presidente é uma piada A gente fica chateado. Olham a gente de cima para baixo. Dizem que é país subdesenvolvido. Mas subdesenvolvido é quem governa o país", afirma o médico Rodrigo de Almeida, 34 anos, eleitor tucano que anseia pela candidatura do governador mineiro e tucano Aécio Neves em 2010. "O Lula não tem mais moral, perdeu o comando, não sabe o que está acontecendo", afirma, ao lado da mulher, a advogada Lídia de Almeida, 30 anos.
Tensa com a longa fila e o adiamento do retorno à cidade natal para amanhã, ela reclama das companhias aéreas: "As empresas têm a parcela de culpa. Minha relação jurídica é com elas. A gente fica aqui esperando e não dão nem um copo d'água."
Próximo ao casal, falando tranqüilamente ao celular, o executivo da área de Tecnologia da Informação Carlos Anunciação, 41 anos, diretor comercial na área de TI, diverge de seus colegas de aeroporto. " A crise vem de uma conjunção de fatores. Desde o crescimento da utilização dos aeroportos até a falta de planejamento para suportar isso. É difícil apontar os culpados. Na essência, é da população, porque é ela quem elege os dirigentes." Para o executivo falta tanto empenho dos governantes como das companhias aéreas. Mas o problema real do país passa longe dos aeroportos. "Tem gente que não tem nem como pegar avião. Fala-se de um caos, mas quantas pessoas utilizam avião? E quantas morrem por problemas de saúde? O problema aqui é que pega uma faixa da população que mexe com o Produto Interno Bruto (PIB). Mas essa crise está longe de ser o pior problema do Brasil."
25 julho 2007
Os Com e os Sem avião
24 julho 2007
Atualizado
Viva a catástrofe! Os bons tempos voltaram
Sempre que há uma catástrofe nacional, irrompe uma euforia de cabeça para baixo. É como se a opinião pública dissesse: "Eu não avisei? Bem que eu falei, não adianta tentar que sempre dá tudo errado...".
Há um grande amor brasileiro pelo fracasso. Quando ele acontece, é um alívio. O fracasso é bom porque nos tira a ansiedade da luta. Já perdemos, para que lutar? O avião explodindo nos dá uma sensação de realidade. Parece o Brasil indo a pique -o grande desejo oculto da sociedade alijada dos podres poderes políticos, que giram sozinhos como parafusos espanados.
Não é uma ameaça de CPI, não é um perigo de crash da Bolsa. É morte, gás e fogo. E nossa vida fica mais real e podemos, então, aliviados, botar a culpa em alguém.
Chovem cartas de leitores nos jornais. Todas exultam de indignação moral, todas denotam incompreensão com o programa do governo de reformar o sistema, programa muito "macro", mal explicado, "muito cabeça" para a população.
Nada como um desastre ou escândalo para acalmar a platéia. E a oposição, aliada à oligarquia, usa bem isso. Danem-se as questões importantes, dane-se a crise externa, dane-se tudo. Bom é fofoca e denúncia. A finalidade da política é impedir o país de fazer política. Nada acontece, dando a impressão de que muito está acontecendo.
Há uma tradição colonial de que nossa vida é um conto-do-vigário em que caímos. Somos sempre vítimas de alguém. Nunca somos nós mesmos. Ninguém se sente vigarista.
O fracasso nos enobrece. O culto português à impossibilidade é famoso. Numa sociedade patrimonialista como Portugal do séc. 16, em que só o Estado-Rei valia, a sociedade era uma massa sem vida própria. Suas derrotas eram vistas com bons olhos, pois legitimavam a dependência ao rei. Fomos educados para o fracasso. Até hoje somos assim. Só nos resta xingar e desejar o mal do país.
Quem tem coragem de ir à TV e dizer: "O Brasil está melhorando!", mesmo que esteja? Ninguém diz. É feio. Falar mal do país é uma forma de se limpar. Sentimo-nos fora do poder, logo é normal sabotar. O avião da TAM derreteu feito bala de açúcar na boca dos golpistas.
O fracasso é uma vitória para muitos. Não fui eu que fracassei, foi o governo, o “populismo”. O maior inimigo da democracia é a aliança entre o ideologismo regressista e a oligarquia vingativa. Nossos heróis todos fracassaram. Enforcados, esquartejados, revoltas abortadas, revoluções perdidas. Peguem um herói norte-americano: Paul Revere, por exemplo. Cavalgou 24 horas e conseguiu salvar tropas americanas na Guerra da Independência. Foi o herói da eficiência. Aqui, só os fracassados verão Deus.
O que moveu Pedro Simon e Arthur Virgilio foi a esperança do caos. Pedro Simon se acha o missionário da catástrofe. Ele é o ideólogo da explosão de furúnculos. Ele acredita no pus revelador. Virgilio quer levar em seu declínio o país todo com ele, cair destruindo, numa espécie de triunfo ao avesso. Ele é o último bastião do patrimonialismo tradicional, resistindo ao capitalismo impessoal.
Espalhou-se a teoria de que o problema do Brasil é "moral". Este "bonde" funk de neo-udenismo psicótico, este lacerdismo tardio, este trenzinho de "janismo" com "collorismo" visam impedir a modernização do país, sob a capa do "amor". São a favor da moralidade, mas contra a lei de Responsabilidade Fiscal.
Esta onda de moralismo delirante busca impedir a reforma das instituições, que estimulam a imoralidade. Tasso , tocando trombone sob um telhado de vidro, é o grande exemplo. Arthur Virgilio, com boquinha de ânus e vozinha de padre, outro.
Nossos intelectuais se deliciam numa teoria barroca da "zona" geral. O Brasil é visto como um grande "bode" sem solução, o paraíso dos militantes imaginários. Quem quiser positividade é traidor. A miséria tem de ser mantida "in vitro" para justificar teorias e absolver inações. A academia cultiva o "insolúvel" como uma flor. Quanto mais improvável um objetivo, mais "nobre" continuar tentando. O masoquista se obstina com fé no impossível.
Há um negativismo crônico no pensamento brasileiro. Paulo Prado contra Gilberto Freyre. Para eles, a esperança é sórdida, a desconfiança é sábia: "Aí tem dente de coelho, "alguma" ele fez...".
Jamais perdoarão Lula por ter abandonado a utopia tradicional e aderido à "realpolitik". Quase nenhum "progressista" tentou ajudá-lo nessa estratégia. Quem tentou foi queimado como áulico ou traidor, pela plêiade dos canalhas e ignorantes. Talvez tenha sido um dos maiores erros da chamada "social-democracia", talvez a maior perda de oportunidade da história. Agora, os corruptos com que Lula se aliou para poder governar querem afogá-lo na lama.
A "realpolitik" virou "shit politics".
Assim como o atraso sempre foi uma escolha consciente no século 19, o abismo para nós é um desejo secreto. Há a esperança de que, no fundo do caos, surja uma solução divina. "Qual a solução para o Brasil?", perguntam. Mas a própria idéia de "solução" é um culto ao fracasso. Não lhes ocorre que a vida seja um processo, vicioso ou virtuoso, e que só a morte é solução.
Vejam como o Brasil se animou com a crise atual. Ôba! É o velho Brasil descendo a ladeira! Viva! Os bons tempos voltaram!
Enviado por: Paulo
Sei que a maioria dos anti-Lula e anti-PT adoram a suposta contundência de Arnaldo Jabor. Leiam só o artigo dele na Folha sobre a tragédia da plataforma P-36, durante o governo FHC.
Trocas efetuadas no texto
Onde se lê: O avião explodindo
Leia-se: plataforma afundando
Onde se lê: populismo
Leia-se: neoliberalismo
Onde se lê: O avião da TAM
Leia-se: A plataforma da Petrobrás afundando
Onde se lê: Pedro Simon
Leia-se: Luiz Francisco
Onde se lê: Arthur Virgilio
Leia-se: ACM
Onde se lê: Lula
Leia-se: FHC
Onde se lê: social democracia
Leia-se: esquerda
PS – Perdão, Jabor, mas essa foi irresistível.
Atenção, para quem não reparou: esse texto, brilhante, é do Arnaldo Jabor. Apenas os nomes e circunstâncias foram trocados, para montar a pegadinha.
Como escreveu o Nassif nos comentários de seu blog, é ótimo para demonstrar que a retórica tem dois lados. E para nos lembrar de que o mundo não é "preto no branco", mas cinza, ou multicolorido, em diversas tonalidades.
Alfabetização Solidária na mira da Controladoria Geral da União
Segundo o blog Notícias do País:
Foi descoberto que a ONG recebeu R$ 211 milhões do MEC no segundo governo FHC e outros R$ 58 milhões entre 2003 e 2006.
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Só no ano passado, foram repassados R$ 8 milhões do governo e a ONG captou mais R$ 12 milhões de empresas.
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Daria para alfabetizar 1,14 milhões de adultos, porém estudos preliminares do MEC indicam que menos de 10% desse total foi alcançado.
A ONG se defende:
A Alfabetização Solidária (AlfaSol) deseja esclarecer os equívocos publicados por veículo de imprensa neste último final de semana. Tal esclarecimento é baseado nos princípios de absoluta transparência e ética que pautam esta Organização desde o seu início.
A transparência e lisura da Alfabetização Solidária na gestão de seus recursos foram atestadas por 48 auditorias promovidas pelos diversos órgãos, entre eles CGU, TCU, MEC, FNDE e outros, às quais a AlfaSol é submetida desde 1999. Podemos mais uma vez reafirmar que conforme manifestação da CGU e FNDE/MEC, auditorias em curso, não houve nenhuma irregularidade na gestão de recursos ou execução do programa pela AlfaSol.
Todas as metas acordadas em convênios e parcerias com entidades públicas ou privadas foram atingidas e na maioria das vezes até superadas, conforme também verificado pelos próprios auditores em questão. Em relação aos recursos e metas do programa federal Brasil Alfabetizado não tem sido diferente.
É exatamente esse princípio que vem garantido a manutenção da nossa rede de parcerias, que hoje envolve 182 empresas e instituições governamentais e 102 Instituições de Ensino Superior, responsáveis também pela capacitação de 244 mil alfabetizadores em todo o país, assim como o atendimento a mais de cinco milhões de jovens e adultos ao longo de nossa trajetória.
Por fim, a Alfabetização Solidária, mantendo seu compromisso ético com a sociedade e com a missão institucional e honrando a confiança recebida por seus parceiros, reafirma que tomará as providências cabíveis junto ao veículo de comunicação para exigir sua retratação.
Vamos ver no que vai dar.
A Linha do Trem de Raphael Salimena
Pelos mesmos motivos a Linha do Trem, de Rapahel Salimena, é ótima. Confira:
23 julho 2007
Rir é o melhor remédio
Resolvi tirar férias das notícias, me dedicar um pouco mais em estudar assuntos do trabalho e esperar que minha paciência volte. Até lá só lerei o Hariovaldo News que é uma paródia de site de direita.
13 julho 2007
Boquete conservador
Bob Allen, congressista pelo Estado da Florida e co-presidente da campanha do senador republicano John McCain para presidente dos EUA, foi detido sob a acusação de solicitar sexo oral a um policial disfarçado.
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Bob Allen é político católico extremamente conservador e autor de uma lei (que foi derrubada) que o enquadraria em crime, pois uma medida (nº1475) que ele propôs tipifica como ilegal a masturbação na presença de um adulto, consensual ou não.
No fim não entendi se ele estava se masturbando, mas acho que não influi muito no fato.
Me pergunto se um sujeito destes se considera um doente e reza para que deus lhe salve do homossexualismo. Talvez nem sinta atração por homens mas pelo que considera uma perversão. Pode ser que tenha tentado aprovar a supracitada medida só para tornar o ato mais prazeroso. Felizmente nunca serei um católico conservador para saber.
12 julho 2007
Zoológico de Galáxias
A classificação deve ser feita entre galáxias elípticas e espirais. Como ainda não existem algoritmos mais eficientes para este tipo de reconhecimento do que o cérebro humano, estão recorrendo a colaboração de internautas.
No sítio existe um tutorial que ensina a reconhecer os dois tipos. Depois de registrar-se deve ser feito um teste com 15 objetos, acertando 8 vc está habilitado a auxiliar no projeto. Creio que 8/15 deve ser a taxa de acerto dos melhores algoritmos.
Este não é o primeiro trabalho científico que distribui tarefas para voluntários na internet. Mas os outros que conheci apenas utilizavam a capacidade de processamento de micros caseiros, este é necessário um empenho um pouco maior do que baixar um programa. Espero que iniciativas como estas tornem-se mais comuns e um dia chegaremos a conclusão que colaborar é mais eficiente do que competir.