28 fevereiro 2007

Boicote ao McDonald's

Príncipe Charles decidiu apoiar meu boicote ao McDonald's.

Boicoto inicialmente como protesto. McDonald´s juntamente com a Coca-cola são os principais símbolos do capitalismo predatório estadunidense. Se isto não é suficiente para um boicote, talvez os preços abusivos e falta de nutrientes sejam. Sempre há uma lanchonete próxima com mais qualidade e menores preços. Qualidade nos lanches, não nas embalagens e marca. Pague pelo que vc consome e não pelo que consome seu cérebro.

Ainda não assisti pois sou um imbecil, mas muitos recomendam:

23 fevereiro 2007

Piores invenções

Publicado no sítio INFO Online uma pesquisa inglesa com as piores invenções. Segue a lista:
Armas 35%
Telefone celular 17%
Usinas nucleares 9%
Televisão 9%
Sinclair C5 (um tipo de carro compacto) 9%
Automóveis 6%
Fast food 3%
Câmeras 3%
Religião 2%

A minha lista seria um pouco diferente, mas gostei da opinião inglesa que surpreendeu os organizadores. Bens tidos como "sonho de consumo" entraram na lista: celular, televisão, automóveis. Itens que até tem alguma utilidade, mas não devem ser tão valorizados como a indústria e maioria dos consumidores deseja.

Um telefone celular é útil para algumas profissões, para mim não passa de uma agenda/despertador. E um telefone não precisa ser colorido, tocar mp3, design afrescalhado, tirar fotos ou ter grande capacidade de armazenamento.

"The things you own end up owning you." Tyler Durden

22 fevereiro 2007

Se fodeu

Via São Carlos Agora, Ferrari avaliada em mais de 1 milhão bate próximo ao Shopping:


Lembro de ter visto esta ferrari rodando por São Carlos, fico aguardando a vez do porsche amarelo.

Quantas pessoas foram pisadas para este mané poder ter e bater sua ferrari? Se fodeu? Parcialmente, pois quem anda com um carro destes com certeza tem dinheiro para o conserto. Mas deve ter sido bastante desagrádavel ver todos passando e tirando fotos enquanto seu carro é guinchado.

16 fevereiro 2007

Nunca esqueçam as privatizações

Recomendo a leitura do livro O Brasil Privatizado, de Aloysio Biondi.

O autor detalha o processo de privatização do governo FHC. Dívidas assumidas pelo governo, demissões, empréstimos do BNDES, aumento das tarifas às vésperas dos leilões e a propaganda anti-estatal.

Planos carnavalescos

Quatro dias e meio sem trabalhar. Queria viajar, mas terei que ficar em São Carlos. O tempo nunca é suficiente, mesmo assim tracei planos ambiciosos. Pretendo:
1 - Cuidar da minha namorada que operou. Motivo pelo qual não viajarei.
2 - Agradar a mãe da minha namorada que veio a São Carlos para acompanhas a cirurgia.
3 - Ler "1985", ou "1984 de cu é rola". Segundo a capa Anthony Burges (Laranja Mecânica) contesta o "1984" de George Orwell. Até onde li, o autor apenas explica o mundo de "1984" fazendo um paralelo com a Inglaterra em 1948 tentando encontrar as fontes de inspiração de Orwell. Está mais para uma análise do que uma contestação.
O verbo analisar cabe melhor, é muito mais isento e subjetivo, pode até incluir uma contestação. Fico pensando que em alguns dias passarei de técnico para analista. Isto significa que meu trabalho passará a ser mais subjetivo, portanto mais valorizado. Quando ninguém sabe exatamente o que vc tem que fazer fica mais dificil cobrar qualquer coisa. Ganha-se mais e trabalha-se menos. A ascensão dentro de uma empresa se da desta maneira, sempre a caminho da analise subjetiva.
4 - Andar de bicicleta. Aproveitar ruas vazias e praticar alguma atividade física.
5 - Jogar Dota. Potencialmente o maior consumidor de tempo e maior risco para a não execução dos itens anteriores. Malditos jogos de computador, desconheço vício mais poderoso, normalmente é colocado acima até de necessidades básicas de higiene, alimentação e repouso.
6 - Estressar e transcender a relação mente/corpo. Ou seja, beber até perder a noção de onde é o chão.

15 fevereiro 2007

Consumidor "paga caro" pelo aumento do gás

Segue na integra a matéria Consumidor paga pelo aumento do gás, veiculada pelo Jornal Hoje (grifo meu):

Em Cuiabá, a direção da termelétrica Mário Covas alerta que o consumidor vai ser prejudicado. Num outro acordo firmado em Brasília, o gás comprado pela empresa de Mato Grosso sofreu reajuste de 85%.

O gás natural que abastece a termelétrica de Cuiabá chega por meio de um ramal do gasoduto Brasil-Bolívia. A usina recebe por dia 2, 8 milhões de metros cúbicos, pouco mais de 10% do volume que chega à Petrobras. Parece pouco, mas representa muito para os consumidores de Mato Grosso.

Durante a seca, período em que a potência das hidrelétricas diminui, a termelétrica Mario Covas responde por até 70% do abastecimento no Estado. O presidente da empresa adiantou que o repasse do aumento para o consumidor é inevitável.

"O gás natural é o principal insumo da planta da termelétrica. Então, não há como assumir um reajuste de preço de, custo desse insumo sem você poder repassar isso pro preço da sua energia. Eu não tenho como absorver isso", disse Carlos Baldi, presidente da Pantanal Energia.

O aumento significa repasse de preço não apenas para os mato-grossenses, mas também para os consumidores de outros Estados. Isso porque toda a energia produzida em Cuiabá vai direto para o sistema integrado de Furnas, que abastece outros Estados.

Ainda segundo a direção da hidrelétrica, como o repasse do aumento será dividido entre consumidores de vários Estados, os efeitos do reajuste na conta de luz devem ser pequenos: 0,1%. O consumidor que, por exemplo, paga R$ 100,00 por mês em energia, vai passar a pagar R$ 100,10.


Preciso planejar meu orçamento para este aumento, onde deixei minha planilha?

14 fevereiro 2007

Löic Wacquant

Já que o mundo anda em círculos, entrevista com Löic Wacquant, publicada na Folha em15/05/2006:

"Acontecerá de novo", diz sociólogo francês

SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Washington

Ataques como os do fim de semana devem ocorrer de novo e só podem ser evitados se as elites políticas brasileiras e o governo do país contra-atacarem no campo social, não no criminal. Polêmica, essa é a opinião de um especialista no assunto: Loïc Wacquant, 46, professor de sociologia da Universidade da Califórnia em Berkeley e pesquisador do Centro de Sociologia Européia em Paris.

Francês, ganhador do prêmio da Fundação MacArthur, o "prêmio dos gênios", ele estudou no Brasil as desigualdades sociais, o sistema carcerário e o judicial, visitas que renderam livros como "As Prisões da Miséria" (Jorge Zahar, 2001), "Punir os Pobres - A Nova Gestão da Miséria nos EUA" (Freitas Bastos Editora, 2001) e "As Duas Faces do Gueto" (sai em setembro pela Boitempo Editorial).

A seguir, os principais trechos da entrevista à Folha:

Folha - Por que a situação em São Paulo chegou a esse ponto?

Loïc Wacquant - Porque nas últimas décadas as elites políticas brasileiras têm usado o estado penal --polícia, tribunais e sistema judiciário-- como o único instrumento não só de controle da criminalidade como de distribuição de renda e fim da pobreza urbana.

Expandir esse estado não fará nada para acabar com as causas do crime, especialmente quando o próprio governo não respeita as leis pelas quais deve zelar: a polícia de São Paulo mata mais que as polícias de todos os países da Europa juntos, e com uma quase impunidade. Os tribunais agem sabidamente com preconceito de classe e raça. E o sistema prisional é um "campo de concentração" dos muito pobres. Como você pode esperar que esse trio calamitoso ajude a estabelecer a "justiça"?

A manutenção do que chamo de estado penal só faz com que a violência institucionalizada alimente a violência criminosa e faça com que as pessoas tenham medo da polícia. Cria um vácuo que o crime organizado sabe muito bem preencher. Isso permite a eles que cresçam e sejam tão poderosos e ousados a ponto de desafiar abertamente o Estado e seu monopólio do uso da violência.

Folha - O sr. acha que os ataques acontecerão de novo?
Wacquant - Sim, pode-se prever que acontecerão de novo e de novo, pelo menos enquanto as elites políticas se recusarem a encarar de frente as desigualdades vertiginosas. Nenhuma sociedade democrática na face da Terra pode combater o crime apenas com seu aparato policial-judiciário.

Quais os remédios? Os de sempre: educação, emprego, seguro para os desempregados e uma rede social para os mais pobres. O Brasil paga com violência criminal sua recusa injustificável de encarar sua desigualdade social.

Folha - Uma política de "tolerância zero", a la Rudolph Giuliani quando prefeito de Nova York, poderia ajudar a resolver o problema?

Wacquant - Seria um erro duplo. Primeiro porque a queda espetacular do crime em Nova York não teve nada a ver com a política de "tolerância zero" de Giuliani, já estava em curso quando o prefeito apareceu na cena e acontecia em outras cidades norte-americanas e mesmo canadenses, em lugares que não aplicaram tal política. Segundo porque, no Brasil, aumentar o poder da polícia equivale a restabelecer a ditadura sobre os pobres e a destruir ainda mais as bases democráticas do Estado.

Folha - E a pena de morte?

Wacquant - Nunca teve efeito definitivo em crimes violentos em nenhum país, por que haveria de ter no Brasil? Por que bandidos profissionais, que estão na indústria da violência, temeriam a morte quando eles a vêem diariamente ao redor deles, quando eles matam e são mortos rotineiramente?

Folha - O sr. esteve no Brasil algumas vezes. Teve medo?

Wacquant - Estive sete vezes na última década. Percebi uma mudança significativa ao longo desse período, com o medo da violência crescendo e se espalhando. Se as elites não se movimentarem, esse medo jogará o país em um ciclo vicioso e mortal.

O presidente Lula declarou em Viena, no último fim de semana, que a causa da violência é a falta de programas sociais. Ele está certo, mas são só palavras. Agora, nós precisamos ver as ações, e elas estão no campo social, não no campo criminal.

08 fevereiro 2007

Política na Internet

Relatório da Pew Internet aponta para um aumento do número de usuários estadosunidenses que passaram a utilizar a internet como meio primário para obtenção de informações políticas. Outros veículos se mantém estáveis ou em queda.

Os acessos ainda se concentram em grandes portais, mas muitos passaram a buscar informações em blogs e até mesmo no You Tube. O primeiro permite uma livre exposição de idéias, o segundo tem se mostrado poderoso em destruir candidatos que falam alguma besteira em público.

No Brasil, blogs serviram para divulgar informações e contestar as babaquices escritas pela grande mídia. Computador e internet para todos, vamos acabar com o monopólio da informação e destruir os Mitos de Interesse.

07 fevereiro 2007

06 fevereiro 2007

Os Mitos de Interesse e a Contabilidade da Previdência

Descoberto pelo Luiz Carlos Azenha, original no Entrelinhas: "Os Mitos de Interesse".
Como escreveu o Azenha:
"Distribua para os amigos, imprima e jogue pela janela do prédio:"

E Nassif: "A conta de padaria".

Novos indicadores

A revista Época desta semana traz uma matéria entitulada Esqueça o PIB, minimizando a importância do PIB para indicar o desenvolvimento de um país. São apontados outros índices, não restritos ao desempenho econômico, valorizando aspectos como desenvolvimento científico e social.

Como já publicado anteriormente nesta Casa de Tolerância, um incremento no PIB não garante empregos, melhores salários ou distribuição da renda.

É necessário diminuir a importância do dinheiro, para algum dia extingui-lo da sociedade. Hoje participamos de uma busca predatória/canibalista pelo dinheiro simplesmente para adquirirmos bens desnecessários. Falsas utilidades geradas pela propaganda e revistas de celebridades (quase pleonasmo). Consumimos embalagens e marcas ignorando o conteúdo.

Nos julgamos seres tão superiores e não somos capazes de resistir a uma bela embalagem, um carro bonito. Produzindo tais bens, que servem apenas aos olhos, deixamos de produzir remédios, alimentos, roupas e casas.

O Brasil é um dos campeões da desigualdade, bom para podermos ter uma idéia do que ocorre no resto do mundo. Tais diferenças não deveriam ser avaliadas dentro de cada país, precisam ser consideradas globalmente. De que adianta existir uma Suécia se existe uma Nigéria?

Os mecanismos da economia atual não permitem o desenvolvimento de todos os países ao mesmo tempo e precisam ser alterados. Ter isto em mente e começar a desenvolver novos indicadores já é um bom começo.

01 fevereiro 2007

Lisbon Revisited

Briguei ontem com o meu pai, por telefone. Após ele fazer uma furiosa defesa da mediocridade e dizer simplesmente que eu deveria ser o que não sou, não consegui tirar este poema do Fernando Pessoa:


NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Quem disse que um blog não serve para nada? Serviu para desabafar.