19 maio 2006

Até ele seria melhor que o Alckmin...

"O Brasil está desintegrado e perdeu seus valores cívicos. É ridículo falar isso mas o Brasil só acredita na camisa da seleção, que é símbolo de vitória. É um país que só conheceu derrotas. Derrotas sociais...Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa.

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E que deu entrevistas geniais para o seu jornal. Não há nada mais dramático do que as entrevistas da Folha [com socialites, artistas, empresários e celebridades] desta quarta-feira. Na sua linda casa, dizem que vão sair às ruas fazendo protesto. Vai fazer protesto nada! Vai é para o melhor restaurante cinco estrelas junto com outras figuras da política brasileira fazer o bom jantar.

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Nossa burguesia devia é ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país.

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Onde? Na formação histórica do Brasil. A casa grande e a senzala. A casa grande tinha tudo e a senzala não tinha nada. Então é um drama. É um país que quando os escravos foram libertados, quem recebeu indenização foi o senhor, e não os libertos, como aconteceu nos EUA. Então é um país cínico. É disso que nós temos que ter consciência. O cinismo nacional mata o Brasil. Este país tem que deixar de ser cínico. Vou falar a verdade, doa a quem doer, destrua a quem destruir, porque eu acho que só a verdade vai construir este país.

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O que eu vi [nas entrevistas para a Folha] foram dondocas de São Paulo dizendo coisinhas lindas. Não podiam dizer tanta tolice. Todos são bonzinhos publicamente. E depois exploram a sociedade, seus serviçais, exploram todos os serviços públicos. Querem estar sempre nos palácios dos governos porque querem ter benesses do governo. Isso não vai ter aqui nesses oito meses. A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações."

- Cláudio Lembo,
governador de São Paulo, membro do PFL, ex-presidente do ARENA,
mostrando, em entrevista para a Folha, que até mesmo ele tem mais sensibilidade social que Geraldo Alckmin.

15 maio 2006

08 maio 2006

Nota da AEPET sobre o gás da Bolívia

Para acrescentar ao que disse em uma postagem anterior sobre a construção do gasoduto Brasil-Bolívia: Nota da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) sobre o gás da Bolívia.
Em resumo: eles dizem que foram contra a construção do gasoduto porque "era danoso para a Petrobrás", "era ruim para o Brasil" e "era ruim para a Bolívia".

04 maio 2006

Presidentes se solidarizam com Morales na Argentina

Via Vermelho:
Os presidentes de Brasil, Argentina e Venezuela manifestaram solidariedade à iniciativa do presidente Evo Morales, que nacionalizou as reservas de hidrocarbonetos de seu país. Após três horas de reunião, os líderes apresentaram uma carta sobre o impasse criado desde o decreto 28.701, anunciado segunda-feira por Morales.
Vale a pena conferir, também, o editorial A crise na Bolívia e os pretensos nacionalistas.
Como se observa, a repugnante manipulação dos falsos nacionalistas tem outros motivos. Visa desgastar o governo Lula num ano eleitoral, implodir as negociações para a integração soberana da América Latina e ressuscitar a Alca – o projeto neocolonial dos EUA.

O índio está certo

Mestre Sebastião Nery:
Uma coleira na Bolivia - Sobre a expulsão da siderurgica de Eike Batista.
Ele corrompeu miseráveis autoridades locais e conseguiu autorização “municipal” para instalar os fornos e queimar madeira. Mas a Constituição da Bolívia já proibia empresas estrangeiras na fronteira e a legislação boliviana do meio ambiente não permite fazer carvão queimando madeira
Chegou o novo governo de Evo Morales e proibiu os fornos de carvão vegetal. Eike, como um senhorzinho espanhol dos tempos coloniais, distribuiu dinheiro com os miseraveis e promoveu manifestações populares “em defesa dos empregos” (a compra da vegetação do pantanal para queimar nos fornos).
Logo a imprensa brasileira, que se baba por um jabá, transformou o Eike Batista em novo heroi da Pátria, um ultrajado Tiradentes com pescoço de dólar. E TVs histericas, editoriais hidrófobos e jornalistas espertos uns e incautos outros passaram a pregar a invasão da Bolívia pela Pátria ofendida.

O indio está certo - sobre a nacionalização dos recursos naturais da Bolívia.
Essa nacionalização do petróleo e do gás boliviano, agora decretada pelo presidente da Bolívia, é um dos capítulos mais deprimentes da grande imprensa brasileira. Como sempre a serviço de alguém, tomando dinheiro de alguém, grandes televisões, revistas e jornais brasileiros passaram tres meses mentindo, enganando, para agradar as empresas internacionais de petróleo e gás, inclusive a Petrobrás, que exploram petróleo e gás na Bolívia.

Hitler ganhou a guerra

Este post é da série "Livros que quero ler". O argentino Walter Graziano escreveu um livro chamado "Hitler ganhou a guerra", que trata da política externa dos Estados Unidos e como elas está vinculada ao controle das reservas petrolíferas e energéticas em geral.
Você poder ler uma entrevista com ele no site da UNE.
Para dar uma prévia: perguntado se Hitler venceu a guerra ele responde:
Não há dúvida que Hitler ganhou a guerra, porque os ideais de um Estado nazista ganhou a guerra. Os Estados Unidos estão convertidos cada dia mais num totalitarismo, que se assemelha ao de Hitler. Bush se assemelha cada dia mais a Hitler, o único que lhe falta e pensar em matar alguma raça em particular. Todos os diários publicam que os Estados Unidos discriminam os latinos e os imigrantes ilegais. Cada dia se converte num país racista, onde a cúpula não quer saber nada de se integrar com a América Latina, com os negros ou com qualquer raça que não seja a anglo-saxônica pura. Cada dia mais temos um mundo parecido com o que Hitler queria fazer, mas governado pelos Estados Unidos.
A diferença básica é que Hitler não mentia. Era um assassino, carniceiro, genocida, mas não mentiroso. Ele odiava o povo judeu, dizia isso e os matava. Estes odeiam a qualquer pessoa que seja diferente do white anglo-saxon protestan, mas dizem que os amam. Isso torna o domínio dos EUA mais perverso. É muito mais difícil combater um inimigo assim, porque eles o fazem em nome da democracia e da liberdade.
Em resposta a outra questão, ele diz:
O povo norte-americano está drogado com consumo. No Império Romano era pão e circo para o povo, aqui é a Madonna e ter acesso ao crédito para comprar casas, carros de dois em dois anos. Ou seja, consumo, consumo, consumo, esse é o paradigma norte-americano.

Está aí um livro que vale a pena incluir na minha interminável lista de coisas a serem lidas.

Salve, Evo Morales! Parabéns ao povo boliviano!

"Para nosotros, la patria es la America" - Simon Bolivar.

"É mentira! Digo aos jornalistas: não nos confrontem, nossos países são irmãos" - Evo Morales, no programa Roda-Viva, sobre a campanha odiosa da imprensa brasileira.

Evo Morales cumpre suas promessas de campanha e edita decreto que diz, mais ou menos, assim: "Que se cumpra a lei".

É hora de Lula manter a sobriedade e não se deixar atiçar pelo "Pega, cachorro!" que os poderosos, neoliberais, inimigos do Estado e do povo, vomitam. Por enquanto, Lula tem reagido bem. Espero que saiba usar de sua posição para evitar que a mídia golpista de sempre coloque povo contra povo, pois esta mídia já manobra, propagandeia, defende com toda a violência os interesses dos ricos, especialmente os interesses dos ricos dos países ricos. Como sempre usam de muita propaganda e mentira. Estão de cabelos em pé com o ato anti-neoliberal dos indígenas pobres da Bolívia, que botaram para correr o ex-presidente Sanchez de Losada (tão serviçal do Estados Unidos que não conseguia falar em espanhol sem sotaque de estadunidense, e por isso chamado de "El Gringo"), que botaram para correr o vice Mesa e agora, no poder com Morales, agem segundo os interesses do povo.

A cachorra-de-guarda Condoleeza Rice (ou, como diria o Chávez, Condolências Rice) já mostrou os dentes e rosnou, como costuma fazer sempre que um Estado em seu quital resolve ter a petulância de colocar os interesses públicos acima dos interesse privados.

Aliás, tenho tentado entender com mais precisão os interesses dos Estados Unidos nesta história toda. Sei que o gasoduto Brasil-Bolívia foi construido por pressão deles. Em 1997, quando foi construído, não havia demanda para o gás, tanto que o governo do Paraná - que então era pró FHC - comprou a usina termoelétrica de Araucária, mesmo o Paraná tendo energia elétrica para dar e vender (literalmente), apenas para criar demanda artificial para o gás. Esta é a mesma usina cujo pagamento foi contestado na justiça pelo, agora, governador Requião, porque ela, em resumo, é inútil, cara e não funciona(PDF).

É revoltante ver, convertidos em "neonacionalistas" e "neopatriotas", a tucanalha entreguista e seus comparsas, que queriam, mas foram impedidos pelas esquerdas e pelo povo, vender a Petrobrás (ou melhor, Petrobrax, como queriam, para que ninguém se lembrasse que um dia ela foi do Brasil) para o primeiro estrangeiro que oferecesse uma banana por ela.

Confesso que estou apreensivo quanto ao desenrolar desta estória. Temo que a direita consiga usar de violência contra a decisão soberana do povo da Bolívia, afinal, já vimos isto acontecer antes, contra o Jango, contra o Allende e tantos outros. Espero que o Brasil esteja maduro o suficiente para não se deixar manipular pela Reação e evitar que o empurrem para uma nova "Guerra do Paraguai".

É importante constatar que a esperança de que tudo acabe bem só existe porque o presidente é o Lula. Se fosse o coroinha-canalha-facista-que-gosta-de-tomar-dedada do Alckmin, ou o mais-egocêntrico-e-orgulhoso-capacho-do-mundo FHC, as tropas já estariam se movimentando, mais uma vez, a serviço do império colonial estadunidense.

Que os deuses americanos nos protejam.