A capa acima é do livro Quem Somos Nós e hoje vou julgá-lo pela capa, mais precisamente pela forma como o título do livro foi escrito na capa utilizando letras gregas.
Usaram μ como se fosse 'u', mas o mi tem som de 'm';
Σ como 'E', mas o sigma (maiúsculo) tem som de 's';
θ como 'o', mas o teta tem som de 'th';
σ como 'o', mas o sigma (minúsculo) tem som de 's';
π como 'n', mas o pi tem som de 'p';
ζ como 's', mas o zeta tem som de 'sd'.
Erraram todas as letras. É isto que fazem neste livro, tentam se passar por entendidos em um assunto através de um conjunto visual atrativo. Podem até ser bem sucedidos com os completamente leigos, mas basta um mínimo de conhecimento para que o leitor perceba o truque e veja que além das aparências não há nada que se sustenta, seja com as “letras gregas” da capa, ou com a “física quântica” do interior.
22 agosto 2008
Julgando um livro pela capa
13 agosto 2008
Guerra virtual
Reportagem do NYT, Before the Gunfire, Cyberattacks , ou sua tradução no UOL para assinantes, Ataque no ciberespaço precedeu invasão russa à Geórgia, relata os ataques a serviços de Internet que precederam a entrada dos tanques russos na Geórgia. Como principal resultado as páginas governamentais ficaram fora do ar, nada muito preocupante, porém seria muito pior em um país mais dependente de serviços de Internet, como no caso dos ataques virtuais sofridos pela Estônia, felizmente não seguidos pela versão física.
A tendência é que todos os tipos de serviços migrem para a Internet, aumentando a sensibilidade a este tipo de ataque e o desejo dos militares de nele se especializarem. Podemos considerá-lo como uma forma de terrorismo, uma vez que visam indistintamente civis e militares. Sendo os últimos provavelmente melhor preparados para se defenderem, podemos até mesmo dizer que visam exclusivamente a população civil. Claro que seria uma forma mais branda, pois dificilmente chegará a causar mortes, apenas desinformação e prejuízos em tempo ou dinheiro.
Uma das características que torna estes ataques muito atrativos é o seu baixíssimo custo, estimado na reportagem em U$0,04/computador, não fica explicito mas imagino que é por computador cooptado para participar do ataque. Some este custo à impossibilidade de causar vítimas fatais e não parecem haver motivos para que um país não utilize destes meios antes de uma invasão ou como forma de retaliação. Mas também fica aberta uma nova possibilidade, a organização de ataques por grupos supra-nacionais unidos em torno de um motivo qualquer.
Se por exemplo, os Estados Unidos resolvem atacar o Irã sem qualquer justificativa, o tradicional “nós queremos os recursos naturais, mas vamos dizer que é por causa de armas de destruição em massa”, além dos tradicionais protestos de rua, grupos pacifistas do mundo todo poderiam se unir em um maciço ataque DDoS. Se a Rússia resolve tomar o poder na Geórgia, DDoS neles.
Parece-me que no caso da guerra virtual, como tudo que a internet toca, ocorre uma descentralização de poder. O recurso de lançar guerras, antes restrito ao Estado, vai se diluindo conforme estas adentram o território da rede mundial. Apenas me pergunto se algum grupo, como por exemplo os pacifistas, seria suficientemente organizado para coordenar as ações ou, como nos casos da Geórgia e Estônia, seria necessário algum tipo de gerenciamento central por um governo que exerça algum tipo de controle sobre grupos de hackers.