Há muitos anos, numa época que nem eu nem minha esposa, Marina, usávamos homeopatia e quando minha opinião sobre homeopatia vinha da leitura de céticos como Carl Sagan, a Marina teve um problema na unha do dedão do pé. A unha estava opaca e crescia toda retorcida. Muitas pessoas a quem ela mostrava o pé contavam que conheciam outras pessoas com o mesmo problema e a história era sempre a mesma: "Fulano tem isso há anos, nunca conseguiu resolver, etc".
Evidentemente a Marina foi ao médico - alopata - que disse que o problema era causado por um fungo e receitou uma pomada. Semanas de tratamento e os sintomas eram rigorosamente os mesmos, nenhuma melhora.
Foi então que ela procurou um homeopata. (Por que não?) O homeopata fez uma solução com raspas da própria unha doente (ou seria sem raspas da unha doente, como dizem os críticos da homeopatia?). Várias gotinhas por dia e em menos de uma semana a unha estava como se nunca tivesse tido o problema! Não é exagero nenhum.
Evidentemente que, como testemunha ocular dos acontecimentos, eu não poderia ignorar o dado empírico e deixar de pensar que algo muito interessante tinha acontecido ali. Desde então a Marina e eu temos usado homeopatia prioritariamente, inclusive para nosso filho (desde que ele era bebê), com muitos resultados surpreendentes e outros nem tanto. Em alguns casos não percebi efeito, mas, se eu não invalido a alopatia pelo caso da pomada para unha da Marina não ter tido nenhum efeito, por que eu faria isso com alguns tratamentos homeopáticos que não deram efeito, pelo menos não no tempo que eu queria? É certo que há muito de subjetivo no tratamento homeopático - no sentido literal: a escolha do tratamento varia segundo características particulares do paciente e pode ser necessário experimentar um pouco até descobrir o tipo de tratamento mais adequado.
Pode ser efeito placebo? Claro que pode e, para mim, enquanto paciente, isto não muda absolutamente nada. Como assim? Vamos-lá:
E se for efeito placebo?
O que é o efeito placebo? Quando é dado a uma pessoa um suposto medicamento (uma pílula de farinha, por exemplo) há chances de que esta pessoa realmente melhore do problema para o qual ela acredita estar recebendo tratamento. Não se trata de uma ilusão de melhora, mas uma melhora real desencadeada pela crença de que se está ingerindo um remédio. Verificou-se, para o caso de placebo tomado como se fosse medicamento contra dor, que o organismo do paciente realmente produziu substâncias cujo efeito fisiológico é a diminuição da sensação dolorosa. É por isso que para se verificar a eficácia de um fármaco é necessário comparar os efeitos em um grupo que recebe medicamento com outro que recebe placebo. Ambos os grupos apresentariam melhora estatisticamente relevante em relação a um grupo de pacientes que não recebesse nada. O fármaco só é considerado eficaz caso apresente resultados superiores ao placebo.
Sabe-se hoje que o efeito placebo não é o mesmo para todas as formas em que ele é ministrado. Sabe-se, por exemplo, que comprimidos pequenos tem efeito maior que comprimidos grandes e que os comprimidos vermelhos tem efeito maior que comprimidos de qualquer outra cor. Talvez a forma de 2 gotinhas com leve gosto de álcool seja um bom potencializador do efeito placebo. A forma de funcionamento da homeopatia é, segundo os homeopatas, semelhante ao do placebo: ela não atuaria sobre a doença mas estimularia o próprio corpo a combatê-la com seus próprios meios.
Eu não acho que seja assim (que a homeopatia seja apenas placebo, por causa do que vi com meu filho bebê) mas eu admito esta possibilidade. Só que ela não invalida o tratamento homeopático, só serve para tornar as gotinhas homeopáticas o segundo melhor tratamento possível (perdendo apenas para as gotinhas homeopáticas dentro de pequenas cápsulas vermelhas :-) ). É ainda, uma possibilidade de cura através de medicamentos baratíssimos, sem contra-indicações ou efeitos colaterais. Perfeito.
Vantagem incontestável do tratamento homeopático é no caso de crianças. Todos pais ficam desesperados quando os filhos adoecem e querem logo dar remédio. Ao invés de entupir as crianças com medicamentos alopáticos, e seus efeitos colaterais, ao primeiro sinal de febre, é dado à criança um estímulo (por meio dos efeitos da homeopatia ou por meio do efeito placebo, que seja) para que seu próprio organismo se cure. E funciona, isso eu garanto. Aliás, tenho a impressão de que crianças tratadas prioritariamente com homeopatia adoecem menos do que crianças tratadas somente com alopatia.
PS: Alguém mais está sentindo um cheiro estranho nesta campanha contra fitoterápicos e homeopatia?
PS2: Um ano sem postar e o blogspot agora zoa a formatação dos posts, tenho que aprender como corrigir isso.
Update: Atualizei às 15:54 para deixar o texto mais claro.
Update: Atualizei às 15:54 para deixar o texto mais claro.
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