25 abril 2007

Mídia X Chavez

Indicado pelo Azenha alguns dias atrás, segue alguns trechos de antiga notícia do Le Monde que pode ser lida na integra aqui, grifos meus:

Má fé, acusações sem prova, ataques à dignidade ou à honra de pessoas ligadas ao governo ou que o apóiam... Nenhum meio é descartado para desacreditar o presidente. Prova disso foi o escândalo provocado em Caracas, no início de março, pela divulgação de uma falsa entrevista de Ignacio Ramonet. Numa declaração supostamente feita a um certo Emiliano Payares Guzmán, pesquisador mexicano na Universidade de Princeton (Estados Unidos), totalmente desconhecido, o diretor do Monde diplomatique criticava severamente o chefe de Estado venezuelano: “Ao presidente Hugo Chávez falta uma assessoria intelectual respeitável, o que faz com que seu navio fique permanentemente à deriva. Quando venceu as eleições, pareceu-me que se delineava alguma coisa de realmente importante. Mas (...) o populismo o venceu, como acontece tão freqüentemente nesses casos. (...) Assisti vídeos em que ele canta boleros santiagueros explicando seu programa econômico, se é que chega a ter algum. Creio que estes fatos, verdadeiros e verificáveis, me poupam de ter que dar uma opinião sobre tal personagem.”

Divulgada em rede, sem o menor controle, por Venezuela Analítica2, a “declaração” seria imediatamente republicada na primeira página, sem qualquer verificação junto ao suposto entrevistado, pelo diário El Nacional, radiante em poder dar crédito à idéia de um chefe de Estado cada vez mais isolado internacionalmente. Assim que Ignacio Ramonet desmentiu ter pronunciado as palavras que lhe eram atribuídas, El Nacional criticou enfaticamente o mistificador mexicano3 e, mais dissimuladamente, sem nem mesmo lhe pedir desculpas, o diretor do Monde diplomatique.

Num fluxo incessante, multiplicam-se “informações” beirando o absurdo ou o surrealismo. Por exemplo: “Fontes dos serviços secretos revelaram acordos feitos com elementos ligados ao Hezbollah da (ilha venezuelana de) Margarita, que são controlados pela embaixada do Irã. Lembremos que, durante a campanha de Chávez, um tal de Moukhdad teria sido muito generoso com o atual presidente. Isso merece retribuição e agora o Irã quer fazer da Venezuela uma base de operação em troca do treinamento de venezuelanos em organizações iranianas de defesa da revolução islâmica. O terrorismo está entre nós4.”

Hugo Chávez confessou ser o chefe de uma rede de delinqüentes”, é o título de El Nacional no dia 21 de março. No dia seguinte, Tal Cual menciona “o vômito repugnante provocado pelas palavras coléricas com que ele pretende amedrontar o país”. Insultado, comparado a Fujimori, Idi Amin Dada, Mussolini e Hitler, tratado como fascista, ditador e tirano, o presidente “bolivariano” sofre ataques que, em qualquer país, dariam lugar a uma ação legítima por ofensa ao chefe de Estado. “Uma agressão permanente e desrespeitosa”, indignava-se, em março passado, a ministra do Comércio, Adina Bastidas. “A mim, acusam de financiar a colocação de bombas nas ruas. E eu não posso me defender. Se os atacamos, eles reclamam com os Estados-Unidos!”


Mas como segundo nossa mídia não existe liberdade de imprensa na Venezuela, provavelmente é o próprio Chavez que escreve ou manda escrever todas estas matérias. Olha que cachorro: além de comandar uma rede de delinquentes, odiar o Brasil, melar o mercosul, ter uma fixação sexual pelo fidel castro, ser um presidente para-quedista, ainda corrompe jornalistas isentos para que escrevam inverdades sobre ele mesmo. Com certeza tudo isto faz muito sentido.

Pior que tem imbecil que acredita nisto, assim como tem outros que acreditam na Veja.

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