14 agosto 2009

Fala com a minha mãozinha

Li que o The Economist fez um editorial em que critica o governo brasileiro. Entre outras coisas o tabloide neolibereca critica Lula por apoiar o que a Economist chama de "autocracias", em aparente referência a Hugo Chavez (autocrata, então, é alguém que está no poder após ganhar 8 eleições limpas, contar com o apoio da maioria absoluta da população em um dos poucos países do mundo em que a população pode convocar um plebiscito a qualquer momento para revogar o mandato presidencial, sem apelar para golpes).

Aproveitaram, também, para dar seu apoio aos gorilas golpistas de Honduras (que, aparentemente, não são autocratas, pois contam com o apoio de homens-bons como os editorialistas do jornal neoliberal, mas não da maioria da população hondurenha).

Lembrei-me, também, de quando el rei de Espanha (aquele que só se tornou rei porque o fascista Francisco Franco nomeou-o seu sucessor) mandou o Chavez calar-se.

Vejam só o ridículo: súditos da monarquia inglesa e o próprio monarca de Espanha querem dar pitaco na democracia alheia!

E ai alguém pode dizer: "mas são monarquias constitucionais". Outro diria: "mas quem apita mesmo é o primeiro ministro!" Ao que replico: grandes bostas. Porque, a admtir que os cidadão dividem-se em duas castas - nobres e plebeus - suas constituições negam um condição sine qua non das verdadeiras democracias: os seres humanos são iguais em direitos! Um sistema com cargos e atribuições que passam por hereditariedade sanguinea é essencialmente não democrático.

Alem da rainha, o sistema bicameral inglês é composta por um parlamento (House of Commons - casa dos comuns) e a House of Lords (uma espécie de senado, com a função de manter a Inglaterra conservadora) é constituida por estes membros. As formas de nomeação são essas. Muito democrático, sim senhor.

Espanha e Inglaterra se regem por sistemas políticos ridículos, anacrônicos e intrinsecamente antidemocráticos.

Se os venezuelanos ficarem de saco cheio do Chavez, basta que se faça um plebiscito revogatório. Se isso der muito trabalho, é só esperar as próximas eleições e votar em outro candidato. Simples assim.

Se os inglêses se tocarem que é uma vergonha ter uma rainha em pleno século XXI, eles fazem o que? Uma revolução armada? Guilhotinam a rainha?

"Quer dizer que, agora, vagabundas molhadas atirando facas por aí são a base do sistema de governo!?"

3 comentários:

Paulo disse...

Olha dorei a definição da "Democracia Inglesa", kkkkk, muito boa mesmo, mas o melhor foi o "grandes bosta"..kkkk

Clark disse...

O problema é que a maioria da população de Hondura APOIA sim os supostos golpistas, né? Mas isso ainda não é o mais importante. O apoio da população não faria dele um governo legal se ele fosse ilegal. O que faz dele um governo legal é o fato de SER UM GOVERNO LEGAL, de acordo com a Constituição, o Congresso e o Judiciário do país.

Elton disse...

Clark, não existe a menor possibilidade deste golpe ser legal. Nenhuma constituição do mundo - e a bizarra constituição hondurenha não é excessão - prevê a expulsão do presidente constitucional para fora do país, de pijamas, sob a ponta de armas, sem direito a defesa nem nada. Nenhuma possibilidade disso ser legal, mesmo em Honduras.

Sobre o apoio aos golpistas, isto é controverso. A abstenção às "eleições" foi impressionante.
A repressão é pesada. Vários militantes dos direitos humanos que denunciam os abusos do governo de fato estão desaparecendo. O corpo de um deles, Carlos Turcios, foi encontrado sem a cabeça e sem as mãos. Um jornal da França, para ilustrar as imagens de uma matéria sobre a repressão às manifestações no Irã, usou imagens da polícia espancando manifestantes... em Honduras (e disseram que eram do Irã). Ou seja: legalidade zero em Honduras. E sãomos fatos que demonstram isso, não os achismos.