07 agosto 2007

Editoriais

Marco Aurélio Weissheimer, em um artigo chamado "O que os editoriais da Globo podem nos ensinar", menciona um editorial de O Globo, de 25 de maio deste ano:

Intitulado “Escolha de aliados”, o editorial “recomenda” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem devem ser seus aliados e quem estão proibidos de sê-lo.

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Quem são os gatos colocados no mesmo saco: os manifestantes que ocuparam as instalações da hidrelétrica de Tucuruí, o MST e movimentos similares, os sindicalistas contrários à emenda 3 e os estudantes que ocuparam a reitoria da Universidade de São Paulo (USP). O editorial não economiza qualificativos para definir esses movimentos: terroristas, ultra-esquerdistas, inimigos da democracia, autoritários e populistas. Sem estabelecer qualquer distinção entre esses diferentes episódios, articula-os como uma suposta escalada autoritária que estaria ameaçando a Constituição e a democracia brasileira. E defende que o presidente Lula se afaste imediatamente desses antigos aliados e também dos “populistas” Evo Morales e Hugo Chávez.

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O editorialista de O Globo escreveu: “Muitas dessas organizações que atentam contra a ordem constituída se valem de antigas alianças com o PT e da proximidade do presidente, que, de forma temerária, já permitiu que uma bandeira do MST fosse desfraldada em seu gabinete, enquanto ostentava um chapéu do movimento como se fosse um dos militantes que desrespeitam a lei ao invadir propriedades privadas e depredar instalações de empresas. Espera-se que, assim como Lula parece ter entendido o que de fato representa para o país em ameaças a ação deletéria dos populistas Hugo Chávez e Evo Morales no continente, também compreenda que, para levar adiante o projeto de colocar o Brasil num longo ciclo de crescimento sustentado, terá de abandonar pela estrada antigos aliados, beneficiários de todo um arcabouço de normas e leis feitas para transferir dinheiro público para minorias privilegiadas”.
Grifos meus. Diga aí se não dá vontade de enfiar uma muquecada nas fuças do sujeitinho que escreveu estas merdas. Compare com editorial de 1964, da postagem anterior. Não mudaram nada.

3 comentários:

Bruno disse...

É tudo muito parecido, só alguns métodos mais novos. Outro presidente, sem o carisma do Lula já teria sido derrubado.

Elton disse...

A questão não é meramente de carisma. Está havendo uma melhoria no padrão de consumo da classe média (a real, para padrões brasileiros, não os ricos que se dizem classe média). Os brasileiros da classe C tiveram uma expressível melhoria em sua qualidade de vida.
Eu fico brincando com este negócio da elite (a D. Zelite), mas não é bem assim. Apenas 32% dos brasileiros de maior renda consideram o governo ruim/péssimo. Uma minoria, mesmo entre os abastados.
O muito que o Lula cedeu pela governabilidade, as alianças formadas, foi triste mas necessário.

Quem não duraria uma semana é a HH.

Bruno disse...

Simplificar em uma frase nunca funciona. Concordo que as melhorias fazem um papel maior no apoio, porém não podem ser ignorados seu carisma e habilidades políticas. Acho que sem qualquer destes fatores a oposição teria êxito em derruba-lo.

Não consigo pensar em outro nome que poderia fazer um bom governo e se manter no poder.